segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

múltiplas poéticas

dialogando com o mestre

o poema pode ser
um trem fora do trilho
a ponte que caiu
a mulher que não deu filho
a puta que pariu


naquela noite de chuva


as cores no vestido de Yansã passaram despercebidas por aqui o sangue encarnado nas matas de Oxossi e o olho do Dragão na ponta da espada de Ogum ainda que aline na porta da casa velha tivesse sobre a pele meus olhos presos nas palavras escritas na parede as sagradas escrituras não dissessem o quanto ali brotavam flores naquela noite de chuva num coração estraçalhado

Artur Gomes
https://www.facebook.com/arturgomespoeta/?fref=ts


poema14


 

poema 16


 

poema 15


domingo, 12 de fevereiro de 2023

o tesão da língua



NO TEATRO MUNICIPAL DE CABO FRIO - RJ – 2015


O Tema da Mesa de Bate Papo do POESIA DE CENA, 2016 foi proposto pelo poeta do amapá, Hebert Emanuel. TESÃO DA LÍNGUA, uma forma de provocar o uso da linguagem como forma de construir mundos e destruir barreiras estéticas... Venha curtir um timaço de pensadores em diversas áreas que vão nos oferecer uma visão possível de nossa relação com a língua.

dossiê de odessa

 

 dossiê de odessa


eu não sou dessas
que mim mesma fala
odara linda me beijou a boca
amara louca me mordeu a língua
e quase me engoliu
no sofá da sala

Gigi Mocidade

https://porradalirica.blogspot.com/

surtou de vez



era uma vez...
um rio que se chamava janeiro
não era primeiro de abril
nem trinta e um de março
nem sete de setembro
nem 15 de novembro
nem primeiro de maio
nem 25 de dezembro
muito menos fevereiro

era 30 de outubro de 2016
e o rio de janeiro surtou de vez

não me toque

 

o dia que eu estiver vestida
não me toque
deixe que eu troque
o sentido para o truque
na armadura de Ogum
a trama pro desejo
que não dou a qualquer um


Federika Lispector

https://fulinaimacarnavalhagumes.blogspot.com/

eu quero



eu quero o meu amor
quente e lascivo
eu vivo para o vapor
barato
o maior pecado
é não querer - eu quero
o meu amor no dia D
no todo Dia
por toda noite
toda manhã
por toda tarde
só eu sei o quanto arde
em meu umbigo
não ter o meu amor aqui comigo

Gigi Mocidade

https://porradalirica.blogspot.com/

 

mar das coxas

 

entre o mar das tuas coxas um peixe nada tranqüilo cospe delírios de ostras na palma da tua mão

eles verão



 Eles Verão


O sonho suado transbordante
que arrasta a realidade.

Eles têm medo
dos poetas que incomodam.

Eles têm medo
da alegria que somos capazes
de arrancar do futuro.

Eles têm medo
daqueles que inventam o mar
na pia do banheiro
e as estrelas no céu da boca.

Eles têm medo
dos que andam com a cabeça-madura
enquanto os pés estão numa verde-aventura.

Eles têm medo
do jogo transparente onde o goleiro
é um doido de pedra embaixo
de uma trave de arco-íris.

Eles têm medo
de uma arte diferente
que ilumina o cotidiano
com a fúria que nos amanhece
de uma lua quebrada da paixão
ou feito um lingote incandescente
retirado dos fornos profundos
das usinas metalúrgicas.

Recomecemos o mundo!

Sady Bianchin
in Tráficos Utópicos

"Se tens um coração de ferro. bom proveito.
O meu, fizeram-no de carne e sangra todo dia".
José Saramago 

o corpo da palavra corpo



O Corpo da Palavra Corpo

no poema muitas vezes o corpo me interessa mais que a própria palavra. no poema visual a imagem é o corpo da palavra, ou a palavra é o corpo da imagem, pode ser também palavra dentro do corpo corpo dentro da palavra.

palavra pedra
palavra carne
palavra osso

na fotografia a imagem é o corpo da palavra no instante em que o próprio corpo se transforma na imagem.

May Pasquetti

 foto: Artur Gomes

Bento Gonçalves – setembro 2016 – XXIV Com Brasileiro de Poesia

o corpo da palavra corpo

 

quando me debruço em indagações sobre o corpo da palavra corpo seria um pensamento nietzscheziano?

                                 Artur Gomes

 

o corpo da palavra corpo

"Não pense que estou louco e só um jeito de corpo", Caetano Veloso jogava a palavra para o corpo. Marx, joga a palavra no corpo social , Nietzsche , joga a palavra na espiral das artes. Freud, joga a palavra no inconsciente do individuo. Sócrates joga a palavra num labirinto enigmático. Levi-Strauss, bate bola com a palavra entre a mente e a esfera publica. E o poeta Artur Gomes joga a palavra no corpo da palavra, ou o corpo da palavra penetra a margem do corpo do papel ? Fala poeta, da língua ferina! Meta a língua ou metalinguagem.

Sady Bianchin

foto: May Pasquetti - no RicorDare
16 de setembro de 2016 - Noite de Confraternização do XXIV Congresso BrasileiroBento Gonçalves-RS 

os rios



os rios secam
carangola muriaé paraíba itapemirim
morrem todos aqui dentro de mim

pessoal e intransferível

 


Pessoal intransferível,

 

Torquato Neto.

“Escute, meu chapa: um poeta não se faz com versos. É o risco, é estar sempre a perigo sem medo, é inventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades pelo menos maiores, é destruir a linguagem e explodir com ela. Nada nos bolsos e nas mãos. Sabendo: perigoso, divino, maravilhoso.

Poetar é simples, como dois e dois são quatro sei que a vida vale a pena etc. Difícil é não correr com os versos debaixo do braço. Difícil é não cortar o cabelo quando a barra pesa. Difícil, pra quem não é poeta, é não trair a sua poesia, que, pensando bem, não é nada, se você está sempre pronto a temer tudo; menos o ridículo de declamar versinhos sorridentes. E sair por aí, ainda por cima sorridente mestre de cerimônias, herdeiro da poesia dos que levaram a coisa até o fim e continuam levando, graças a Deus.

E fique sabendo: quem não se arrisca não pode berrar. Citação: leve um homem e um boi ao matadouro. O que berrar mais na hora do perigo é o homem, nem que seja o boi.

Adeusão (14/09/ 1971 – 3a feira).”

Tudo do Torquato Neto, achado em Os últimos dias de Paupéria ou em Torquatália.

a flauta na vértebra



A FLAUTA-VÉRTEBRA

A todas vocês,
que eu amei e que eu amo,
ícones guardados num coração-caverna,
como quem num banquete ergue a taça e
celebra,
repleto de versos levanto meu crânio.

Penso, mais de uma vez:
seria melhor talvez
pôr-me o ponto final de um balaço.
Em todo caso
eu
hoje vou dar meu concerto de adeus.

Memória!
Convoca aos salões do cérebro
um renque inumerável de amadas.
Verte o riso de pupila em pupila,
veste a noite de núpcias passadas.
De corpo a corpo verta a alegria.
esta noite ficará na História.
Hoje executarei meus versos
na flauta de minhas próprias vértebras.

Vladimir Maiakóvski

Balbúrdia POÉtica 11

HIPOTEMUSA MUSA OUTRA   há muito tempo com um coelho no colo mas o que eu mais queria era um gato old cat que fosse do jeito que me viesse c...