sábado, 9 de março de 2024

depois

                DEPOIS

ainda é dia no meu corpo
quando recebo teu nome
em gotas de silêncio
derramado sob o sol
nenhum sussurro nasce da boca
minguada feito a lua
e anoiteço como escura catedral
[remanso de relicário e tecitura]
a água escorre até os pés
lava a carne viva
refletida em azulejos
leva teu claro cheiro rumo ao ralo
decanta emoções, desfaz vestígios
e sem teus rastros
a noite cai
numa mudez vasta, espessa
concreta como uma dor sem cura

recolho-me às águas e seus silêncios

 

Marcia Friggi

(Foto do Henrique Friggi)


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pátria A(r)mada - por Ademir Assunção

  TRÊS TOQUES PARA PENETRAR NA NOITE ESCURA   DESTA PÁTRIA A(R)MADA   1 Artur Gomes é daqueles poetas que não se contentam em grafar ...