catando cacos de cogumelos azuis
procurava apagar os rabiscos de giz nos azulejos enquanto
ouvia edvaldo santana adonirando um blues - vivi-ane preparava um chá de cogumelos azuis
para depois do almoço - havíamos nos encontrado nas trilhas para são tomé das
letras em outras histórias de minas fragmentadas com pimenta azeite e alho num
caldeirão mágico incandescente - a voz
ultrapassava os corredores e entrava na cozinha como uma ladainha em cortejo de
reis nessa fulia - alguns palhaços com máscaras de bode no rosto
imaginava a procissão em romaria - era tudo real o chá ainda estava sendo
preparado mas os efeitos já surgiam como se o líquido já tivesse sido ingerido -
ouvi uma das vozes da procissão me pedindo um gole - não
tomou – mas vestida de azul vermelho dançou com muito mais volúpia e num passo
de mágica todos os outros elementos da procissão também começaram um ritual
fulinaímânico se lançando para o alto
como se fossem fogos de artifícios - ninguém provou do chá mas quando a dança
terminou não havia mais um gole dentro do caldeirão - vivi-ane quase teve um troço ao ver o
utensílio vazio.
vozes outras
hoje amanheci aguardente água que passarinho não bebe no quintal um turbilhão de vozes deles - fui lá fora me enriquecer de vitamina D Todo Dia É Dia D procuro outras vozes outras que me levem que me lavem me desnudem desconcertem me joguem para frente por caminhos outros trilhos tralhas trilhas por muitas estações de trem trafego até chegar Porto Viejo Canavarro onde ando nos quintais desses barracos Bolivariando
cada um com seus desejos
e o amor em desalinho
eu tinha fome de beijos
ela tinha sede de vinhos
pandeprosa
para Divanize Carbonieri
poesia
poderosa
muitas vezes
pandeprosa
muitas vozes
vozes muitas
muitas outras
línguas claras
mesmo em noites
obscuras
o abstrato se depura
em raras vozes
vozes raras
ave palavra
criaturas
poesia
é coisa cara
pandemônia
Nenhum comentário:
Postar um comentário