terça-feira, 5 de outubro de 2021

BolivariAndo

catando cacos de cogumelos azuis

procurava apagar os rabiscos de giz nos azulejos enquanto ouvia edvaldo santana adonirando um blues -  vivi-ane preparava um chá de cogumelos azuis para depois do almoço - havíamos nos encontrado nas trilhas para são tomé das letras em outras histórias de minas fragmentadas com pimenta azeite e alho num caldeirão mágico incandescente -  a voz ultrapassava os corredores e entrava na cozinha como uma ladainha em cortejo de reis nessa fulia -  alguns  palhaços com máscaras de bode no rosto imaginava a procissão em romaria - era tudo real o chá ainda estava sendo preparado mas os efeitos já surgiam como se o líquido já tivesse sido ingerido - ouvi uma das vozes da procissão me pedindo um gole   - não tomou – mas vestida de azul vermelho dançou com muito mais volúpia e num passo de mágica todos os outros elementos da procissão também começaram um ritual fulinaímânico  se lançando para o alto como se fossem fogos de artifícios -  ninguém provou do chá mas quando a dança terminou não havia mais um gole dentro do caldeirão -  vivi-ane quase teve um troço ao ver o utensílio vazio.

 

 vozes outras

 hoje amanheci aguardente água que passarinho não bebe no quintal um turbilhão de vozes deles -  fui lá fora me enriquecer de vitamina D Todo Dia É Dia D procuro outras vozes outras que me levem que me lavem me desnudem desconcertem me joguem para frente por caminhos outros trilhos tralhas trilhas  por muitas estações  de trem trafego até chegar Porto Viejo Canavarro onde ando nos quintais  desses barracos  Bolivariando


 cada um com seus desejos

e o amor em desalinho

eu tinha fome de beijos

ela tinha sede de vinhos


pandeprosa

para Divanize Carbonieri

 

 poesia

poderosa

muitas vezes

pandeprosa

muitas vozes

vozes muitas

muitas outras

línguas claras

mesmo em noites

obscuras

o abstrato se depura

em raras vozes

vozes raras

ave palavra

criaturas

poesia

é coisa cara


pandemônia

 ela chegou sem aviso prévio foi direto  ao sangue como um soco no fígado  febre alta – 39.5 madrugada de 24 de junho os ponteiros do meu relógio de músculos marcavam 4 horas  festa de São João na cama sem fogos de artifícios mas por ofício a poesia queimava  na carne dos lençóis  entrelaçada nas tripas num soneto anti-pós às 17 horas do dia 25 ela partiu sem me dizer o motivo da visita  deixando vestígios na carne nas vísceras  entredentes agora só quero saber o que faço para controlar os impulsos na memória do       inconsciente

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