quem
disse que desejo
não cabe no poema?
meu objeto do desejo tem nos olhos cor de algas e algum peixe que se foi sem teatro a alma não respira perde-se a vida Serafim Ponte Grande ainda me aponta uma ponte algumas trilhas tenho uma amiga que ainda não sabe quanto é musa - nas Juras Secretas para ela muito já foi escrito e muito mais ainda tenho a escrever até rasgar as entranhas nas armadilhas do ser estou desde dezembro sem poder fazer o que gosto e isso me deixa em desgosto a vida sem tira-gosto
vida de gado: depois da engorda o matadouro céus de fogo já rompendo as madrugadas em noites claras
do sertão por serTão iluminadas
trago essas noites dentro das cercas e arame farpados os currais dos campos cerrados meu mato grosso
de sangue vermelho fincou na cancela imagem do corpo estirado depois do tiro no
peito na fazenda encharcada abandonada trago
essas noite no tempo da cacomanga assustado
um menino que aos 7 anos viu a morte de perto por dentro de uma garrucha do seu tio ali suicidado
hoje nem sei se escrevo
poema em linha reta
ou se embarco direto
para ilha curva de Creta
dada ista
des nudo
das tudo
diz quanto
dou nada
du verbo
da dada
ista dada
ista me queria dentro de um versículo bíblico
mastigando a pedra até o pó a memória é uma língua suja que lambe a carne das
palavras morde com seus dentes até sangrar melado dos canaviais dessa lavoura
arcaica que hoje cultivo em meu quintal tem dias que a ossatura no corpo não é
mais que uma carcaça segurando a capsula da pele aqui de fora esse corpo que
carrega 288 estações primaveras verões outonos invernos à beira de um abismo
sem luz no fim do túnel pra clarear meu
modernismo
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