segunda-feira, 4 de outubro de 2021

extra virgem

 


no

inesperado velório de Wally Salomão

 

essa língua sagarânica carnavalha no acaso das 7 velas acesas na  madrugada da lapa com a cara no rio a tapa nessa vida sagarana na aldeia carioca um despacho para Exu na esquina da uruguaiana  com a rua do mercado risco a pedra amolo a faca ritual para Iansã na Biblioteca Nacional nos pega na contra-mão no velório para o poeta ali Wally  Salomão - pelos 7 cantos da sala pessoas  em oração num canto Marko Andrade chorava as cordas de aço em sua santíssima comunhão em outro canto de costas nem vi quem tinha chegado nem vi quem tinha partido meu foco era em  Padre Olivácio com seu  sermão para os  Anjos e apenas os meus ouvidos podiam ouvir a canção naquele momento de susto emblemático complicado complexo a vida enfim não tem nexo e nada nela é normal  - num outro canto da sala Anelito de Oliveira abraça  Aroldo Pereira em  ladainhas   lavadeiras e um fio de sangue nos olhos foi o que me restou daquela  inesperada fatídica e sagrada  noite de sexta feira

 

extra virgem

em tempos de pandemia

 

se é por ser extra virgem

                     também sou

aceite

        me use como azeite

se lambuze nas azeitonas

minha vida trancada – uma zona

há tempos não trepo em nada

acrescenta pimenta -  me coma

               se quiser ser namorada

 

Gigi Mocidade

 

linguagem

 

nessa luta árdua de meter a língua na linguagem gozar é sagaranagem dentro da noite veloz na vertigem do dia a língua escava a palavra nova sagaranagem é luta corporal na linguagem da orgia

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