inesperado velório de Wally Salomão
essa língua sagarânica carnavalha no acaso das 7
velas acesas na madrugada da lapa com a
cara no rio a tapa nessa vida sagarana na aldeia carioca um despacho para Exu
na esquina da uruguaiana com a rua do mercado
risco a pedra amolo a faca ritual para Iansã na Biblioteca Nacional nos pega na
contra-mão no velório para o poeta ali Wally Salomão - pelos 7 cantos da sala pessoas em oração num canto Marko Andrade chorava as
cordas de aço em sua santíssima comunhão em outro canto de costas nem vi quem
tinha chegado nem vi quem tinha partido meu foco era em Padre Olivácio com seu sermão para os Anjos e apenas os meus ouvidos podiam ouvir a
canção naquele momento de susto emblemático complicado complexo a vida enfim
não tem nexo e nada nela é normal - num
outro canto da sala Anelito de Oliveira abraça
Aroldo Pereira em ladainhas lavadeiras
e um fio de sangue nos olhos foi o que me restou daquela inesperada fatídica e sagrada noite de sexta feira
extra virgem
em tempos
de pandemia
se é por ser extra virgem
também sou
aceite
me use como azeite
se lambuze nas azeitonas
minha vida trancada – uma
zona
há tempos não trepo em
nada
acrescenta pimenta - me coma
se quiser ser namorada
Gigi
Mocidade
linguagem
nessa luta árdua de meter a língua na
linguagem gozar é sagaranagem dentro da noite veloz na vertigem do dia a língua
escava a palavra nova sagaranagem é luta corporal na linguagem da orgia
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