PÁTRIA(R)MADA
só me queira assim caçado
mestiço vadio latino,
leão feroz cão danado
perturbando o seu destino
se só me queira encapetado
profanando àqueles hinos
malandro, moleque, safado
depravando os seus meninos.
só me queira enfeitiçado
veloz, macio, felino
em pelo, nu, depravado
em sua cama sol a pinos.
e só me queira desalmado
cão algoz e assassino
duplamente descarado
quando escrevo e não assino.
LENÇÓIS DE RENDA
Eu poderia abrir teu corpo
com os meus dentes
rasgar panos e sedas
com as unhas
arreganhar as tuas fendas
desatar todos os nós
da tua cama arrancar os cobertores
rasgando as rendas dos lençóis
perpetuar a ferro e fogo
minhas marcas no teu útero
meus desejos imorais
maldizendo a hora soberana
com a força sobre humana dos mortais
quando vens me oferecer migalha e
fruto
como quem dá de comer aos animais
CARNE PROIBIDA
o preço atual proíbe que me coma
mas pra ti estou de graça
pra ti não tenho preço
sou eu quem me ofereço
músculo e osso leva-me à boca
se completa o teu almoço.
Artur Gomes
poemas dos livros
Couro Cru & Carne Viva – 1987
Pátria A(r )mada – 2019
www.arturgumesfulinaima.blogspot.com
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https://www.youtube.com/watch?v=mRmy9nwu09g
faroeste lamparão
para torquato neto – in memória
“agora não se fala mais
agora não se fala nada”
quando saí de casa
ia dar um tiro na cara do delegado
mas estava desarmado
estão me colocando em histórias
dos tempos do não sei onde
como se eu durando kid
comesse a fruta do conde
nunca comi amarela
em cinema mexicano
muito menos a ruiva
do faroeste americano
disseram que eu tive caso de amor
que se tornou pernambucano
quando encontrei o poeta
no trailer do Ricardinho
foi me falando de mansinho
como se trampa uma batalha
pra não cair na armadilha
da grana palavra cilada
agora não se fala mais
agora não se fala nada
Godot da Muritiba
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