ando tendo sonhos antropológicos que mais parecem pesadelos e a desgraça é tanta que dói até nos cotovelos
poesia
à flor da
barra
amor à primeira vista
meu livro vermelho de sangue
Ouro Preto na contra capa
a musa morta no mangue
rosa vermelha no altar
desejo paixão fogo brasa
incêndio na minha casa
para nunca mais se apagar
poema
1
o que você faria
se soubesse que és musa
de dois poetas tortos ¿
um visivelmente você sabe
o outro se oculta
por trás da lua nova
quando deita rede na varanda
com sua
luz de zinco prata
o que você faria
se hoje eu te dissesse
que o tempo tarda mas não finda
e que a lua só é nova
porque se preservou dentro da mata
curuminha ainda ?
poema 2
esse poema mora dentro de ti
entre pele pelos músculos nervos ossos
quase pronto mas
sempre inacabado
não importa o caminho que o tempo
o disperse em curvas de distâncias
ou que o carinho não baste
quando é sede e fome que que se tem no corpo
não sei por quantas vezes
nem sei por quantos anos
um pássaro leva para se abrigar no ninho
ou para fazer de um fio elétrico
o seu lugar de pouso
quando quase tudo no poema ainda está por vir
só sei que pode sol e chuva atrapalhar o canto
mas será sempre no teu corpo
um dia irá dormir
poema 3
o homem com a flor na boca
faz dos seus versos
poesia um tanto prosa
tem na pele o couro cru
e um parangolé
pendurado no pescoço
onde pensamos nervos
no seu corpo - ali é osso
tua língua atravessa
o pontal das coxas
quando o leito do seu rio
transborda um oceano
carrega espinhos na carne
como fossem pétalas de rosa
com os dentes rasga da musa
- todo pano - e ali
mesmo goza
poema 4
meus olhos atravessam
as lentes - o peixe
e caminham em direção a luz
que está do outro lado
o infinito
que me espera com seus
olhos d´água
ela virá com sua boca
de batom marrom vermelho
e eu espero
com minhas 7 línguas
atrás da porta
com o mel e o veneno
a pimenta e o azeite
vamos devorar o peixe
no caldeirão incandescente
em nossas línguas
só flechas - o fogo
a águardente –
para Jorge Ventura
a faca não cala do poema a fala
Dionísio Neto de Bacco
quem sabe filho de Zeus
jantou comigo a Santa Ceia
na casa de Prometeus
nas madrugada de Bento
lambeu o vinho nos seios
das Bacantes no convento
por todos poros do corpo
por todos pelos
e meios
depois grafitou nas vidraças
com dedos de diamantes
a Rosa de Hirochima
num coração estudante
depois de
romper o dia
por volta da
seis e meia
era um coração de poeta
com
poesia na veia
estação
353
um girassol se escondeu
por trás do portão de entrada
entre suas pétalas
cantava minha amada
pegando seu barco no cais
um blues
rascante rasgado
desses que não se houve mais
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