terça-feira, 5 de outubro de 2021

ando

                  




ando tendo sonhos antropológicos que mais parecem pesadelos e a desgraça é tanta que dói até nos cotovelos

 

poesia

à flor da barra

 

amor à primeira vista

meu livro vermelho de sangue

Ouro Preto na contra capa

a musa morta no mangue

rosa vermelha no altar

desejo paixão fogo brasa

incêndio na minha casa

para nunca mais se apagar                                           

                                                           poema 1

 

o que você faria

se soubesse que és musa

de dois poetas tortos ¿

 

um visivelmente você sabe

o outro se oculta

por trás da lua nova

quando deita rede na varanda

               com sua luz de zinco prata

 

o que você faria

se hoje eu te dissesse

que o tempo tarda mas não finda

e que a lua só é nova

porque se preservou dentro da mata

                                      curuminha ainda ?

  

poema 2

 

esse poema mora dentro de ti

entre pele pelos músculos nervos ossos

quase pronto      mas sempre inacabado

não importa o caminho que o tempo

o disperse em curvas de distâncias

ou que o carinho não baste

quando é sede e fome que que se tem no  corpo

 

não sei por quantas vezes

nem sei por quantos anos

um pássaro leva para se abrigar no ninho

ou para fazer de um fio elétrico

o seu lugar de pouso

quando quase tudo no poema ainda está por vir

só sei que pode sol e chuva atrapalhar o canto

mas será sempre no teu corpo 

um dia irá dormir  

poema 3

 

o homem com a flor na boca

faz dos seus versos

poesia um tanto prosa

 

tem na pele o couro cru

e um parangolé

pendurado no pescoço

onde pensamos nervos

no seu corpo -  ali  é osso

 

tua língua atravessa

o pontal das coxas

quando o leito do seu rio

transborda um oceano

 

carrega espinhos na carne

como fossem pétalas de rosa

com os dentes rasga da musa

 - todo pano - e ali mesmo goza 

 

  poema 4

 

meus olhos atravessam
as lentes - o peixe
e caminham em direção a luz
que está do outro lado
o infinito
que me espera com seus
olhos d´água

 

ela virá com sua boca
de batom marrom vermelho
e eu espero
com minhas 7 línguas
atrás da porta

com o mel e o veneno
a pimenta e o azeite
vamos devorar o peixe
no caldeirão incandescente
em nossas línguas
só flechas - o fogo
                     a águardente –

poema 5

para Jorge Ventura

 

a faca não cala do poema a fala

Dionísio Neto de Bacco

quem sabe filho de Zeus

jantou comigo a Santa Ceia

na casa de Prometeus

nas madrugada de Bento

lambeu o vinho nos seios

das Bacantes no convento

por todos poros do corpo

por todos pelos  e meios

depois grafitou nas vidraças

com dedos de diamantes

a Rosa de Hirochima

num coração estudante

  depois de romper o dia

 por volta da seis e meia

era um coração de poeta

          com poesia na veia 


estação 353

 

um girassol se escondeu

por trás do portão de entrada

                     entre suas pétalas

cantava minha amada

pegando seu barco no cais

                um blues rascante rasgado

 

          desses que não se houve mais

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