dada
um poema mallarmaico
satírico freudelírico aramaico
onde voz nenhuma me alcance
um lance de dedos nos dados
uns dados de dedos no lance
disfunções léxicas na fala
gramophone gravidade graviola
onde vais cinzia farina
toda vestida de letras
como quem grafita na areia
esse seu espelho d´água
à beira mar na lua cheia
nonada
nonada no meu prato
na hora do almoço
nonada no meu prato
na hora do jantar
nesse país a fome é tanta
se continuarmos
a dar o queijo para os ratos
eles continuarão a
a roer nossos sapatos
grafitemas
e figuralidades
estou escrevendo um mini conto um grafitema umas figuralidades não é coisa de cinema a mais nua e crua realidade certa noite ela me veio não era sonho era uma noite de chuva com seus dois grandes olhos e mãos tão pequenas como quem grafita na areia um espelho d´água à beira mar na lua cheia vinha vestida de letras como o som da flauta de bambu dentro do fonema veio de longe da outra margem do rio dentro da tapera o cauim me trouxe na tigela bebi como índio na hora que vê nascer o filho beijei teus cabelos de milho e ela me perguntou quem eu era
quadrilha
para Ademir Assunção
das minhas metades restaram só o nada nesse poema cego surdo mudo mendigo de rua bunda rasgada pra lua sem rumo sem terra sem teto nas minhas metades guris nas favelas morrem de balas achadas nunca perdidas sempre pretos sempre pretos sempre pretos sempre perigo de vida nas tenebrosas quebradas agora também verme vírus agora também vírus verme a morte é desenfreada pelo descaso na fala e quem deveria nos proteger só quer saber de mais um corpo na vala
poema 7
aninal indesejado
poeta feito cachorro
não late a pedir socorro
nem nas entranhas do norte
e por todas as tribos
e trilhas no país das armadilhas
pelo futuro de Alice minha filha
o meu latido é mais forte
até o último suspiro
o último - delírio
vou infernizar essa quadrilha
até na
hora da morte
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